A médica Dra. Isabel Martinez já sentiu na pele o que é sofrer com a perda involuntária da urina
A incontinência urinária é muito mais comum do que se imagina e, quando chega à menopausa, muitas mulheres se surpreendem ao perceber que aqueles “escapes” começam a interferir não só no corpo, mas também na autoestima, na vida social e até na saúde emocional. Mas não é apenas nesta fase que a mulher pode ter a alteração caracterizada pela perda involuntária de urina.
“A menopausa não é a única causa, mas a queda do estrogênio aumenta bastante o risco de perda urinária, porque esse hormônio é fundamental para a saúde da uretra, da bexiga e do assoalho pélvico. Quando seus níveis diminuem, esses tecidos ficam mais finos, mais secos e mais frágeis — e isso favorece a perda involuntária de urina. Esse conjunto de sintomas faz parte do que chamamos de Síndrome Geniturinária da Menopausa”, explica a médica Dra. Isabel Martinez.
A médica diz que existe tratamento, e ele funciona.
”Muitas mulheres melhoram muito apenas com ajustes simples no dia a dia, como reduzir cafeína, moderar o álcool, melhorar hábitos intestinais e, quando necessário, perder peso. A fisioterapia do assoalho pélvico é um dos tratamentos mais eficazes, especialmente em casos de incontinência de esforço ou mista.
O estrogênio vaginal também tem um papel importante na recuperação da saúde dos tecidos e na melhora da urgência urinária”, esclarece.
De acordo com Dra. Isabel Martinez, quando essas abordagens não são suficientes, é preciso lançar mão de medicamentos específicos e, em casos mais graves, de tratamentos cirúrgicos.
“Além disso, hoje existem opções promissoras que têm mostrado resultados animadores, como o laser vaginal, o campo magnético, e técnicas de neuromodulação, que ajudam na regeneração tecidual e no fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico. Embora algumas dessas terapias ainda estejam em estudo, muitas mulheres já relatam melhora significativa da qualidade de vida”.
Ela reitera que a incontinência urinária não acontece apenas na menopausa.
Gravidez, parto vaginal, obesidade, envelhecimento natural da musculatura pélvica, cirurgias ginecológicas, diabetes, doenças neurológicas e até alguns medicamentos podem desencadear ou agravar o problema. “O tratamento, nesses casos, segue a lógica de corrigir a causa associada e oferecer reabilitação e terapias adequadas ao tipo de incontinência”.
Falando em classificação, segundo a médica, a incontinência urinária, é dividida principalmente em quatro grupos:
* Esforço: quando a urina escapa ao tossir, rir, espirrar ou fazer exercício.
* Urgência: quando a vontade surge de forma tão súbita e intensa que a pessoa não consegue segurar.
* Mista: quando esforço e urgência aparecem juntos.
* Outras formas menos comuns, como a por transbordamento ou por dificuldade de chegar ao banheiro.
“Na menopausa, os tipos que mais observamos são a de urgência e a mista, justamente pela alteração da mucosa vaginal, uretral e da função da bexiga que acontece com a queda do estrogênio”, acrescenta.
Ela afirma que a incontinência urinária não afeta só o corpo — afeta a vida inteira. “Muitas mulheres relatam vergonha, medo de sair de casa, preocupação constante com roupas e odores, diminuição da vida sexual e até isolamento social. Estudos mostram aumento de ansiedade e sintomas depressivos em quem convive com perdas de urina não tratadas. A sensação de “não ter controle sobre o próprio corpo” é uma dor silenciosa, mas profundamente real”.
“Por isso, a mensagem principal é esta:
incontinência urinária não é algo para esconder, e muito menos para aceitar como parte do envelhecimento.
É uma condição tratável, com terapias consolidadas e novas tecnologias que têm ampliado muito as possibilidades de melhora. E o mais importante: buscar ajuda a devolver autonomia, liberdade, autoestima e qualidade de vida”, completa.
A médica já sentiu na pele o que a perda de controle da bexiga pode causar. “Falo com tanta clareza sobre esse tema porque eu mesma vivi isso. Entrei na menopausa aos 38 anos e, como muitas mulheres, também experimentei pequenos escapes ao tossir, pular, dançar ou fazer exercícios. Isso gera insegurança — ninguém fala, mas toda mulher sente quando algo não está bem”.
Mesmo trabalhando diariamente com saúde feminina, orientando pacientes e estudando o tema há tantos anos, Martinez demorou para olhar para si. Ela afirma que é impressionante como, às vezes, cuidamos de todos ao redor e esquecemos de nos cuidar.
“Quando percebi que o hipoestrogenismo estava realmente afetando minha qualidade de vida, iniciei meu próprio tratamento. Fiz laser vaginal e campo magnético — terapias que utilizamos na clínica — e a mudança foi nítida. Minha segurança voltou. Minha tranquilidade voltou.
Por isso digo às mulheres: não esperem. Não minimizem o que está acontecendo com o próprio corpo. O hipoestrogenismo não é um detalhe, e quanto mais tempo passa, mais complexo pode se tornar o tratamento. Há prevenção, há caminhos, há soluções.
Somos mulheres. Temos necessidades e dores silenciosas que quase ninguém aborda. Cuidar disso não é vaidade — é recuperar autonomia e qualidade de vida”, conclui.




















