Em setembro, a dermatologista e professora da Policlínica Geral do Rio de Janeiro Dra. Marcele Trindade, especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e cirurgiã dermatológica reconhecida pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica, participou ativamente de dois dos maiores eventos científicos da área: o Congresso Europeu de Dermatologia e o Congresso Brasileiro de Dermatologia.

O congresso europeu é reconhecido mundialmente por reunir grandes nomes da dermatologia internacional, responsáveis pela produção de conhecimento científico, guidelines, artigos e protocolos que orientam práticas clínicas no mundo todo. E foi nesse cenário de destaque que a Dra. Marcele levou o tema: dermatologia na pele negra e citou o subdiagnóstico de doenças como câncer de pele.
Durante sua apresentação no Congresso Europeu, ela abordou as especificidades da pele negra e dentre elas, as doenças subdiagnosticadas como câncer de pele. Por possuir maior quantidade de melanina, essa pele conta com uma fotoproteção natural equivalente a um FPS de 13,4. No entanto, isso não isenta o uso diário de filtro solar. “É fundamental usar protetor com, no mínimo, FPS 30, conforme preconizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia.”
Durante o congresso, a doutora e os alunos levaram também casos aprovados pela banca europeia de cirurgia de pele feita por ela e tratamento de calvice pelo método de MMP capilar.
No congresso brasileiro a doutora discorreu sobre câncer de pele:
“Provavelmente, fui a primeira pessoa a
ministrar uma aula exclusivamente sobre câncer de pele em pele negra em um congresso brasileiro. Esse tema simplesmente não é abordado com a devida atenção. Minha irmã até pesquisou no Google e não encontrou nada semelhante”, relata a médica.
Segundo ela, a falta de representatividade das peles negras nos livros, nas pesquisas e nos materiais acadêmicos contribui diretamente para o subdiagnóstico e o diagnóstico tardio de doenças dermatológicas nessa população. E esse atraso pode ter consequências graves.

A médica alerta que o câncer de pele em pessoas mais pigmentadas, como negras e pardas, costuma se manifestar de forma atípica. Por isso, é essencial que a população fique atenta a sinais como manchas que mudam de aparência, lesões que persistem por muito tempo ou feridas que não cicatrizam. “Esses sinais devem ser examinados por um dermatologista, independentemente do tom de pele”, enfatiza.
Ela também cita o caso do cantor Bob Marley, que faleceu em decorrência de um melanoma acral, tipo de câncer de pele que acomete mais frequentemente pessoas negras. “Foi diagnosticado em estágio avançado. Se tivesse sido descoberto precocemente, poderia ter evitado a metástase”, explica.
Outro ponto importante trazido pela Dra. Marcele é a necessidade de adaptação dos estudos e protocolos médicos ao perfil demográfico futuro. “Estudos indicam que, até 2050, 50% da população dos Estados Unidos será composta por hispânicos, asiáticos e negros, devido a movimentos migratórios. Isso mostra como nossos métodos de ensino e pesquisa precisam ser mais inclusivos desde já.”
A presença da Dra. Marcele nesses eventos internacionais reforça não apenas a relevância do tema, mas também a urgência de mudanças estruturais na formação médica e na produção científica. “Precisamos atualizar os materiais de ensino e incluir mais imagens e estudos voltados à diversidade de tipos de pele. Isso pode salvar vidas.”

Com sua atuação, a Dra. Marcele Trindade se consolida como uma das vozes mais importantes na luta por uma dermatologia mais inclusiva, representativa e comprometida com a equidade racial no diagnóstico e tratamento de doenças.
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