Convidamos a Dra. Rayane Tindo para explicar os principais riscos do procedimento
Com a transformação da estética e das expressões corporais, uma nova tendência tem chamado a atenção de jovens de todas as partes do mundo: o piercing na úvula. Embora a prática possa parecer inovadora e interessante, especialistas alertam sobre os perigos que ela pode apresentar.

Para esclarecer as questões relacionadas a esse procedimento, convidamos a Dra. Rayane Tindo, cirurgiã-dentista especializada em harmonização facial e bucomaxilofacial, para compartilhar suas opiniões.
1. Quais são os principais riscos associados ao piercing na úvula?
Os principais riscos associados ao piercing na úvula incluem o aumento da probabilidade de infecções, sangramentos, reações alérgicas aos materiais usados, além do risco de danificar estruturas orais importantes, como dentes e gengivas. A presença de um furo na úvula pode levar a inflamações severas e complicações respiratórias, pois a úvula desempenha um papel essencial na proteção das vias aéreas.
2. Existe a possibilidade de infecções após a colocação de um piercing na úvula? Quais são os sinais de que uma infecção pode estar acontecendo?
Sim, há uma grande possibilidade de infecções após a colocação de um piercing na úvula. Sinais de que uma infecção pode estar ocorrendo incluem dor intensa, inchaço, vermelhidão, secreção purulenta, febre e dificuldade para engolir. Caso estes sintomas apareçam, é crucial buscar ajuda médica imediata.
3. A presença de um piercing na úvula pode causar problemas respiratórios ou de deglutição?
Com certeza. O piercing na úvula pode obstruir parcialmente as vias aéreas, especialmente durante o sono, aumentando o risco de apneia do sono e dificuldade respiratória. Além disso, pode interferir na deglutição, causando dor e desconforto ao engolir, o que pode resultar em problemas de nutrição e hidratação.
4. Que tipo de complicações podem surgir a longo prazo para quem tem um piercing na úvula?
Complicações a longo prazo podem incluir cicatrização inadequada, desenvolvimento de queloides, alteração na sensibilidade da úvula, problemas respiratórios crônicos e potencialmente a formação de abscessos ou outras infecções sérias. Também existe o risco de um imobilismo da úvula, o que pode impactar a função respiratória e da deglutição.
5. Existem contraindicações específicas para pessoas que desejam fazer esse tipo de piercing?
Na verdade, acredito que seja contraindicado para todos, porque as contraindicações existem, são várias e reais. Pessoas com problemas hemorrágicos, doenças autoimunes, alergias a metais, condições respiratórias pré-existentes (como asma), ou que não estão em boas condições de saúde geral, devem evitar esse tipo de procedimento. É importante que todos os pacientes considerem seu estado de saúde antes de optar por modificações corporais na região da boca.
6. O piercing na úvula pode afetar a saúde bucal de alguma forma?
Sem dúvida. A presença de um piercing na úvula pode aumentar o risco de cáries dentárias, doenças gengivais e outros problemas orais. A introdução de um corpo estranho pode causar um acúmulo de placas bacterianas, levando a consequências indesejadas para a higiene bucal e, consequentemente, para a saúde geral.
7. Quais são os cuidados necessários para quem decide de algum modo seguir com esse procedimento, caso não haja contraindicações?
Para aqueles que optam por seguir com este procedimento, é essencial que deem prioridade a cuidados rigorosos de higiene. Isso inclui a limpeza regular da área com solução salina, evitar alimentos duros ou afiados que possam irritar a área, e monitorar sinais de infecção constantemente. No entanto, reitero que os riscos envolvidos tornam essa prática muito questionável e potencialmente prejudicial.
8. Que recomendações você faria para quem está considerando fazer o piercing na úvula?
Minha recomendação é que qualquer pessoa considerando fazer um piercing na úvula repense seus objetivos e considere a saúde a longo prazo. Converse com um profissional de saúde qualificado para discutir os riscos e buscar alternativas que não comprometam o bem-estar. O diálogo com um dentista ou médico é essencial antes de tomar uma decisão.
9. Como a sociedade e os profissionais da saúde podem tratar a disseminação de informações sobre procedimentos não convencionais como esse?
A sociedade e os profissionais da saúde podem tratar a disseminação de informações sobre procedimentos não convencionais, como o piercing na úvula, por meio de educação e conscientização. É essencial promover campanhas informativas que esclareçam os riscos associados a esses procedimentos, destacando os potenciais danos à saúde bucal e geral. Profissionais de saúde devem utilizar suas plataformas para compartilhar evidências científicas sobre os perigos, além de orientar a população sobre práticas seguras e opções convencionais de modificação corporal. Além disso, fomentar o diálogo com a comunidade pode ajudar a desmistificar esses procedimentos e incentivar a busca por informações de fontes confiáveis.
Dra. Rayane Tindo nos alerta para a necessidade de um olhar crítico e cuidadoso acerca das tendências que podem impactar a saúde e bem-estar dos jovens.