A luta contra a balança sempre permeou seus dias, mais precisamente ainda quando era criança, por isso, a Dra. Ana Luisa Vilela fez da sua dor seu novo princípio de vida. Aos 46 anos de idade, mãe de uma menina de quase dois anos e um garoto de 12, a médica sentencia: “depois de quase morrer descobri meu propósito de vida que é cuidar das pessoas”. A médica formada em Cirurgia Geral e Gastroenterologia pela Beneficência Portuguesa de São Paulo hoje dedica seus dias exercendo a medicina integrativa por meio da Nutrologia. Esses não eram seus planos iniciais, mas tudo mudou quando ela ainda era jovem e estava acima do peso.
Ana lembra que sua primeira visita ao endocrinologista aconteceu aos 5 anos de idade e, desde então, a comida e seu corpo viraram inimigos que pareciam não se entender nunca. “Por sofrer com a obesidade desde pequena, sei o que meus pacientes passam e coloquei isso tudo a serviço da qualidade de vida deles. Lembro da minha primeira consulta médica até hoje e depois dela, vieram inúmeras outras que nunca traziam resultados. Sempre tentei de tudo e não conseguia perder peso. Apenas depois de quase morrer, levei a sério o processo e perdi 60 kilos executando a reeducação alimentar”, conta.
“Depois de chegar a 125 kilos e sofrer com depressão e síndrome do pânico apostei na bariátrica e tinha realmente indicações para o procedimento: IMC alto e comorbidades associadas a ele como hipertensão, pré-diabetes e problemas articulares, além dos transtornos psicológicos”, lembra.
Quem diria que essa quase tragédia iria mudar a conduta da doutora, que, estava se especializando em cirurgia bariátrica e decidiu então, seguir a formação em nutrologia, objetivando ajudar as pessoas a perderem peso de maneira mais saudável.
Especialista em Nutrologia pelo Instituto Garrido Endocrinologia e Hospital das Clínicas da USP e especialista em Nutrição Clínica e Metabólica pelo GANEP, a médica atualmente atende em clínica própria como especialista em emagrecimento e longevidade. “Já atendi mais de 10 mil pacientes totalizando a perda de 60 toneladas de peso transformando suas vidas com saúde. Em tempos de busca por atalhos para chegar ao peso ideal, é preciso ter cautela”.
Atenta, Vilela compara a expectativa que teve pelo procedimento aos modismos desfreados com o uso das canetas emagrecedoras. “Pratico a medicina integrativa, entendendo que cada paciente é único. No meu caso, reduzi o consumo de carboidratos, mas não cortei, e de açúcar. Aumentei a ingestão de fibra e proteína. Como de tudo, em pequenas quantidades, faço exercícios para ganhar massa muscular e terapia para entender os gatilhos da compulsão alimentar. As canetas, na minha opinião, podem ajudar a impulsionar a perda, mas não são a solução final”.
Apesar do que passou a especialista não condena a bariátrica. “Em procedimentos cirúrgicos diversas complicações podem ocorrer e todos sabemos disso. Em consultório eu mesma já indiquei o protocolo quando há indicações e comorbidades e coloco o paciente a par de tudo o que pode acontecer. Hoje dedico parte de meus atendimentos a pacientes bariátricos que precisam de acompanhamento nutricional e profissional visando o sucesso da intervenção”, comenta.
A mãezona do Joaquim de 12 anos, aos 45 realizou um outro grande sonho: ser mãe de menina e hoje divide as tarefas de consultório com a missão de acompanhar a pequena Aurora, no auge dos seus quase dois aninhos. “Se eu tivesse a cabeça que tenho atualmente, acho que não teria operado. É preciso entender que nenhum método é definitivo o suficiente: o paciente terá que mudar, com a cirurgia ou sem ela, com ou sem canetas, se quiser perder peso”, finaliza.